O Intercâmbio de Jovens do Rotary é um dos principais projetos do Rotary Internacional (RI). Desde a década de 20, o Rotary International tem mandado jovens mundo afora para experimentar novas culturas. Todos os anos, milhares de estudantes do ensino médio são patrocinados por Rotary Clubs no mundo todo.
E é por isso que eu tenho MUITO orgulho de dizer que sou uma Intercambista do Rotary!
A partir de hoje, estarei publicando aqui as minhas experiências como Intercambista.
Agosto 2010 - Julho 2011: esse provavelmente será um tempo de muito aprendizado para mim.
Estarei aqui, durante esse período, falando das minhas experiências, frustações, alegrias, saudades... Mas primeiro, vou falar como tudo isso começou.
2006, eu tinha 13 anos. Logo no começo do ano, uma prima minha que mora no Canadá, veio pra João Pessoa (PB) pra visitar a família. Daí, ela foi lá em casa e contou como era o Canadá e de imediato, eu me apaixonei por aquele país... Parecia tudo tão diferente daqui, tão novo, tão cheio de oportunidades... Fiquei louca pra ir visitá-la, ela disse: aprenda inglês que você pode passar as férias lá. Eu fiquei muito entusiasmada, claro. Fui logo aprendendo inglês.
Um tempo se passou... Já era 2007. Continuei com meu curso de inglês, claro. Logo no começo do ano, também, eu tava na casa da minha irmã e eu e minha mãe estavámos conversando com o meu cunhado e ele fez a seguinte pergunta, que fez mudar totalmente o rumo da minha vida: "Vocês já ouviram falar no programa de Intercâmbio do Rotary? Tem um primo meu que está no Canadá e tá adorando"
Após alguns telefonemas, descobrimos que eu era ainda muito nova pra fazer o Intercâmbio do Rotary (a idade mínima era 15 anos).
Tive que esperar mais um ano, fiquei meio triste mas beleza...
2008, eu já tinha 15 anos.
Fomos, então, eu e minha mãe, procurar saber mais sobre como nos inscrever e como todo o processo ocorria.
Era assim: no começo do segundo semestre de cada ano, a seleção das pessoas que querem fazer intercâmbio era feita. Até porque né, eles não podem mandar qualquer um.
A seleção era baseada em três coisas: no currículo escolar da sua vida toda, uma entrevista com os seus pais, uma entrevista com o candidato.
Essas duas entrevistas são feitas em português e o objetivo principal é saber se você é uma pessoa com capacidade de poder representar bem o seu país lá fora, se você é uma pessoa inteligente, extrovertida, capaz de fazer novas amizades, se você tem habilidade para se adequar a situações totalmente diferentes das quais você vive hoje, etc...
Todo ano, a seleção era feita em ou Campina Grande ou em João Pessoa, alternando todo ano.
Naquele ano foi em Campina Grande. Lembro daquele dia. Era um dia muito frio, lembro da minha roupa, um vestido que tinha comprado no RJ. Chegamos lá de 8 horas da manhã, fomos no local onde a seleção seria feita. Tava lotado já.
Alguns homens falaram algumas coisas que agora não me lembro e logo depois foi inciada a seleção. Eu era a primeira! Por ordem alfabética: Ana Cecília! Lembro que gelei na hora. Era o ano das Olimpíadas em Pequim. Daí eles fizeram algumas perguntas sobre mim e depois fizeram uma sobre Pequim. Lembro que com o nervosismo, respondi uma coisa totalmente fora de nexo. (Eu lembro o que foi, mas não vale nem ser dita aqui hehe).
Enfim, voltamos para João Pessoa. Eles falaram que iam ligar quem tivesse sido selecionado. Uma semana se passou e ninguém me ligou. Daí eu liguei: é, não tinha passado. Fazer o quê, né? Fiquei muito abalada, mas eu ainda tinha mais um ano pra tentar passar (a idade máxima, para fazer a seleção, era 16 anos porque a seleção é feita um ano antes de irmos, aí não pode fazer a seleção com 17 porque aí no próximo ano a pessoa teria 18 e pelo Rotary não pode fazer intercâmbio com 18 anos)
2009, tinha 16 anos. Última tentativa. Lembro que nesse ano eu estava muito descrente que iria passar, lembro de falar pra minha mãe: Mãe, acho que não vou passar não, quero nem fazer a seleção. AINDA BEM que ela não deixou por isso mesmo, ela me incentivou muito e me encorajou e eu resolvi fazer a seleção. Lembro que nesse ano tinha muita gente se inscrevendo, diferente do ano passado, que o número de pessoas tinha sido muito menor. Eu pensei: se eu não passei ano passado, que o número de pessoas era menor, como vou passar esse ano? Eu ri da minha futura desgraça, fiquei, de novo, descrente. Mas, como sempre, não desisti.
Dessa vez, a seleção foi em João Pessoa. Era um sábado. A sala tava mais lotada ainda. Dessa vez não fui a primeira, demorou horas pra ser a minha vez. O que foi ótimo, porque pude conversar com as pessoas que acabavam de ser entrevistadas e com os outros candidatos também.
Na segunda-feira, Bosco me ligou e disse que eu tinha passado em QUARTO LUGAR! Sério, essa hora foi o maior alívio da minha vida. Eu chorei de felicidade, de emoção. Foi muito boa a sensação de que todos esses anos que passaram eu tentando realmente valeram a pena!
E eu passei em quarto lugar! Dentre de quase 30 pessoas! E eu soube que esse ano o nível dos concorrentes foi muito alto!
Passado um tempo, era a hora da reunião para escolher os países. A gente não escolhe qualquer país não. Quando a gente chega lá na reunião, eles falam a lista de países que tem. Daí quem ficou em primeiro lugar na seleção, escolhe primeiro, quem ficou em segundo, escolhe em segundo e assim por diante... Eram 9 candidatos. A lista era: 3 vagas pros Estados Unidos, 1 vaga pro Canadá, 1 vaga pra Dinamarca, 1 vaga pra Alemanha, 1 vaga pro México, 1 vaga pra Polônia e 1 vaga pra Taiwan.
Aí o 1º lugar escolheu Dinamarca, o 2º lugar escolheu Estados Unidos, o 3º lugar Alemanha e advinhem... eu escolhi o Canadá, lógico, né! Não podia estar mais feliz, tudo aquilo que eu sonhei tava se realizando. O 5º lugar escolheu Estados Unidos, o 6º lugar escolheu Estados Unidos, o 7º lugar escolheu Estados Unidos, o 8º lugar escolheu México e 9º escolheu Taiwan.
Algumas mudanças depois foram feitas com os últimos lugares, os 8º e 9º lugares desistiram de ir pro México e pra Taiwan daí os as pessoas que ficaram em 10º e 11º lugares ficaram com essas vagas.
Daí beleza né, tava tudo certo pra eu ir pro Canadá, aí quando foi em Fevereiro de 2010 mais ou menos, numa terça feira, quando eu cheguei da aula, minha mãe e meu pai tavam meio tensos, eu perguntei "O que foi?", aí mainha disse: Bosco tá aqui. Aí eu fui lá falar com ele, aí ele veio me dizer que eu não iria mais pro Canadá... C-O-M-O A-S-S-I-M? Eu entrei em desespero, depois entrei na fase de negação, depois entrei na fase de não quero ir mais pra nenhum lugar, depois entrei na fase de aceitação.
Bom, a explicação foi que, o Canadá esse ano não tava aceitando intercambistas brasileiros e que meu Guarantee Form voltou em branco. (Guarantee Form é uma papelada, dentre as várias que temos que cuidar, que o país que você está indo manda pra você, dizendo aonde você vai ficar lá no país, cidade, família, essas coisas...). Bom, até hoje eu não entendo o por quê o Canadá não aceitou esse ano os intercambistas do Brasil, mas ok né... bola pra frente. Aí Bosco me falou que tinha uma vaga pra mim, no melhor lugar que eu podia ficar dos EUA: na Califórnia! Bom, eu disse a ele que ia pensar e logo depois quando ele saiu, eu simplismente DESABEI! Chorei muito mesmo, porque né, algo tinha que dar errado... Eu pensei muito, muito mesmo, todos estavam dizendo a mim que era pra eu ir e não desistir. E o mesmo eu fiz. Não desisti. Aceitei o desafio! Vou pra Califórnia!
Então né, passou o tempo... Daí no dia 01/07/10 eu recebi por email o meu Guarantee Form scaneado pelo Rotary Internacional... Vou para Clovis, Califórnia! Clovis fica no Condado de Fresno (condado é tipo subdivisões do estado da Califórnia). Vou estudar no Sierra High School. O nome da minha "mãe" (ao irmos, ficamos em uma família, e fazemos parte da mesma, então o tratamento é de mãe/filha) é Barbara Ferguson, o que foi uma coisa bem engraçada porque o nome da minha melhor amiga é Barbara também. E o nome da minha diretora lá no Sierra High School é Camille, o que foi engraçado também porque Camila é o nome de uma super amiga minha aqui também.
Enfim, de Agosto de 2010 à Julho de 2011, minha vida será em Clovis, CA. É uma cidade de 95 mil habitantes, o que em comparação à João Pessoa (que tem 700 mil) é pequena mas em comparação às cidades dos EUA é uma cidade mediana. Clovis fica perto de Fresno (apenas 13 minutos de carro) que tem 430 mil habitantes, sendo a sexta maior cidade da CA, também fica mais ou menos perto da capital da Califórnia, Sacramento, 3 horas de carro. Fica a 6h de carro de Las Vegas (que não fica na CA e sim em Nevada). Clovis está também a 3h de San Francisco.
É isso aí... let the adventure begin!
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