Friday, July 11, 2008

Amargo doce da vida amarga.
















Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
Porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

E a cada rio que eu tentava atravessar, a cada porta trancada que eu tentava entrar, me sentia perdida.
Mas isso não quer dizer que vou parar...

"O doce não é tão doce sem o amargo".
Está um pouco amargo demais, não acha?
É, talvez as coisas amargas acontecam em série...

E toda noite eu repito, repito e repito:
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço e que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada. Porque metade de mim é o que penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância. Porque metade de mim é a lembrança do que fui a outra metade não sei.

Gosto de sentir o pôr-do-sol no meu rosto, e a grama sob meus pés.

...Dizem que é o último pôr-do-sol.
Será.
Se nós deixarmos que seja...

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